quarta-feira, outubro 9

Medusa



Por Michael Delacroix

Quantos anjos terão que me transformar?
Quantas asas terão que quebrar?
Quantos sois, quantas luas?
E somente assim deixar que caísse sobre mim
                                          Todo o rútilo pó das tuas quimeras
Se das tuas entranhas
Não me cabe tão pouco veneno
Teus mistérios desvendar trocando passos no escuro
Pois são juvenis meus anseios perante teu andar de labaredas que viram serpentes

Como é sutil existir para si
E como é complexo esse mergulho rumo aos teus infernos
Antevejo corvos, sobrevoo túmulos e dos teus lábios,
                                                                            Pingando estão tão profanos desejos
Como continuar?
Se te como de olhos fechados e abertos ao teu bel-prazer
O que resta a mim criança insolente nessa estrada da perdição?
Tens pernas e anéis
Tens indignos pensamentos bailando por detrás do teu olhar
É somente a noite que parece revelar

                                                      Essa parca imagem que desde sempre quis encerrar.