domingo, outubro 30

Um Circular na Deodoro

Para Rita Cadillac, Flávia Alessandra,
Olinda Saul e Maitê Proença

Um jeans apertado lavrando a consciência
O fogo de um Butoh e a dança das trevas naquela calcinha enfiada até o pensamento
Um Circular na Deodoro às 18 e 30 na tarde de uma sainha sem Versace
E eis-me aqui teso entre pombos e milhos Famigerados

A dama da noite e o senhor das Guajajaras no Ballet urbano das meninas de vermelho e preto
Não que eu devore sozinho tais imagens e aqueles olhares sem destinos
Mas é que a noite me cobre de verdades assim como a seus leopardos
Eu mesmo um deles entre muitos que afloram
 
Um circular na Deodoro também nos    ensina o caminho das tigresas
E nas brenhas dos grelinhos umedecidos Sabemos da velocidade que percorremos e onde encontrá-las
Delícia de boca tem mais delícias que pêssegos e maçãs
Um seio apontando minha cintura desce até o umbigo que me erra
Aviso que o paraíso é mais embaixo e procuro ser engolido vivo
Assim como foi no início será para sempre
Fervor pólvora estopim ardência
2002

Fernando Atallaia