terça-feira, outubro 11

A espera

A espera.

A espera ardida.

Do fogo que consome o ser.

Do vento quente no estomago infeliz.



A espera

A espera sucinta,

Translocada,

Serena

Do mar batendo em pedras.,

Da verdade tão cruel que dilacera.



A espera

A espera ferida,

Gemida na noite marcada,

Dos lances incendiários

Espelhos sem tetos.



A espera

A espera do livro.

Do cigarro no cinzeiro

Do chiclete mascado

Da vida parada

Na doida não falecida, não vivida...

A doida nua, insana

Que corre da madrugada.



A espera

A espera tão fugaz,

Tão silenciosa,

Tão gostosa.

Do nada,

Dos sentimentos mutilados

Do sexo cheirado.



A espera

A espera negra

Branca,

Mulata,

Crioula.

Do ônibus,

Do banco,

Da calçada.

Da sala de espera do consultório.

A espera

A espera que é penetrante

Que é lasciva

Que é perversa

Que é ninfomaníaca



A espera

A espera que é tão espera

Insuportável

Inaudita

Inalada

Inofensiva.


Cris Lima.