sábado, maio 28

Um amiguinho Norte-Americano

Na minha infância no bairro do Filipinho sempre nas férias viam crianças norte-americanas. Eu e meu amigo Rogério fizemos amizade com um deles. Ele nos ensinava a jogar futebol americano e também jogávamos futebol brasileiro ou nossa pelada ou o já globalizado video game. Me lembro que a gente uma vez mostrou pra ele a favela da Redenção que ficava paralela ao bairro. “Isso é o Brasil”. Falávamos algo do tipo. Ele ficava assustado. Nós crescemos o mundo deu muitas voltas eu virei enfermeiro meu amigo Rogério tá estudando música e nosso amiguinho norte – americano virou soldado. E pelas útimas noticias a caminho de uma batalha no oriente médio. Mais um soldado anônimo crazy.
Termino esse texto com uma letra do Arnaldo Antunes:


Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé
Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

Novo conceito: Tecnodemagogia


Quatro paredes abandonadas pelo descaso. Luz fracionada, natural, que invade o espaço esmagada entre as telhas. Ventilação? Quando em surto alguém corre. No recreio? Não, não há espaço para recreio, esse intervalo é furtado dos alunos, mas para pegar a borracha emprestada ou aquela folha extirpada de algo parecido com um caderno sofrida pelos rabiscos inelegíveis quando atirada ao cesto de lixo...sim, há ventilação. Livros? Dizem que há uma Política Nacional do Livro, mas não se sabe ao certo. Ali os livros nunca chegaram. Não, minto, sim, já chegaram: foram colhidos em depósitos. Eram antigos, mofados, incompletos, três por aluno, dois por aluno, nenhum, tanto faz, eles nunca sentiram o cheiro de um livro novo, como cheiro do café passado no coador de pano, instigador de sentidos que faz o imaginário brotar uma mesa com pães frescos, bolo de milho, cuscuz e beiju...mas não, nada de ilusão, é realidade mesmo! Biblioteca? Pra quê? Quatro paredes sem alunos, sem fardas, sem cores, sem voto? E computadores? Jamais! Despertam mentes curiosas e investigativas, é melhor não ousar. Detalhe, o enfarte desse conglomerado de paredes de cimento e tijolo seria inevitável, a fiação jamais suportaria essa tecnologia.O fato é que acaba de ser aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, o projeto de lei que altera a Política Nacional do Livro, e que será votado em meados do ano. Então serão garantidos livros aos alunos? Não, isso já é, ou deveria ser. O que muda? Em era de evolução tecnológica, onde jumentos são utilizados como bibliotecas para transportar livros, caixas de papelão são improvisadas para o mesmo fim, livros nem chegam as escolas e computadores não relíquias sem conexão com internet (na maioria, grande maioria das escolas, até inexistem)... agora os E-readers, mais conhecidos como Ipad, equipamentos sofisticados, leitores de livros digitais, serão equiparados a LIVRO !!!!
                                                          
Multiplicam-se quatro paredes, multiplicam-se alunos, multiplicam-se votos, multiplicam-se espaços coletores, armazenadores chamados de escola. Inova-se no conceito: tecnodemagogia!